Póvoa Dão

Perdida nas encostas do rio Dão, está esta aldeia rústica recuperada na sua quase totalidade.

Um amontoado de casas semeadas pegadas umas às outras, distribuídas quase sem critério ou ordem, umas com paredes meias outras apenas separadas por estreitos caminhos onde não passam carros.Ouvem-se sons montívagos num sossego absoluto neste fim de tarde de domingo. Já há poucos turistas, algumas das casas usadas apenas ao fim de semana já se encontram sem vida, dando um ar mais taciturno à aldeia, mas ainda assim muito agradável.

Uma escada tosca com uns degraus íngremes e chega-se a uma capelinha, pequenina e igualmente rústica. As imagens, catolicamente tristes, aguardam os crentes com as portas do templo escancaradas, mostrando a pacatez do lugar e a falta de receio, destas gentes, em relação a meliantes.

Mais uns passos, e entramos num espaço decorado com estremo bom gosto, o bar.  O cuidado de não sair da traça original salta à vista.

A surpresa maior espera-nos ao descer as escadinhas para as salas do restaurante.

Numa aparente desordem absoluta, os espaços interagem entre si como se se tratasse apenas de

 uma única sala. O aproveitar dos recantos duplica os espaços úteis, quando qualquer fita métrica faria prever que o espaço era exíguo.

Ficámos por uma tábua de queijos e enchidos servida no andar de cima, óptima qualidade. E como não podia deixar de ser, o vinho aconselhado para esta degustação, é o da região, Dão. (e não me perguntem mais que eu vendi-me a uma americanice qualquer ")

Cá fora, somos brindados com um crepúsculo delicioso, o frio do vale já se sente e faz arrepiar a espinha. Nada que impeça mais uma pequena aventura à descoberta de recantos especiais, férteis por aqui.

Passa um gato preto, agora dono das estreitas ruas vazias, ouve-se o telintar da sua coleira.

Sem dúvida um fim de tarde bem passado.