terça-feira, 22 de janeiro de 2013

53 horas

O temporal já lá vai mas deixando a sua cicatriz pelos sítios onde andou à solta. Conseguem ver-se danos para onde quer que se olhe, árvores caídas são muitas levando o que se encontrar no seu caminho até se quedarem no chão.

A falta de electricidade é paralisante para as casas e seus habitantes. O aquecimento e refrigeração de alimentos são os problemas principais, e se o primeiro é facilmente resolvido por uma lareira ou uma camada extra de roupa, já o segundo tenta-se minimizar não abrindo muito o congelador e o frigorífico. A iluminação desenrasca-se facilmente com umas lanternas de mão, umas velas ou mesmo o petromax, que só se usa em locais mais arejados para não inquinar o ar que respiramos.
A longa espera pelo regresso do fornecimento eléctrico carece de distracções, um pudim demora muito pouco tempo a fazer se comparado com a espera que se avizinhava.
Durante este tempo o silêncio é perturbador, por vezes leva-nos a falar só para ouvir qualquer coisa e a ligar o velhinho rádio a pilhas para ter som de fundo e não escutar o silêncio. Há ainda o outro silêncio, de informação e entretenimento, as TVs, os PCs, os tablets, os telemóveis.. Os mais dependentes da tecnologia ficam limitados à duração da bateria dos seus "gadgets". Depois disso passa-se à segunda fase e vai-se buscar os jogos de tabuleiro empoeirados, as cartas, os dados e o passar do tempo acelera enquanto se joga à luz de uma vela bruxuleante.
Os alimentos já não aguentam mais e é preciso cozinha-los para evitar desperdícios maiores.
Começa então, num processo de cerca de 6 horas, o regresso à normalidade. Primeiro as lâmpadas timidamente soltam um brilho fugaz. Os motores das arcas estrebucham para o arranque. Os zunidos e os bips por toda a casa fazem lembrar as flores a florir na primavera.

Foram assim cinquenta e três horas de apagão!

1 comentário:

G_ticopei disse...

Livra... Por aí quase toa a gente vai tendo uma lareira ou um recuperador de calor para se aquecer, mas quem vive só com aqueceores elétricos, nem quero imaginar...

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